Nem Ronaldo nem Ibrahimovic, ninguém marca tanto como Falcao


O mundo do futebol ficou em êxtase com a exibição do avançado do Atlético de Madrid na final da Liga Europa. O colombiano é o dono da prova e bateu todos os recordes. O seu futuro é uma incógnita.

Falcao não dorme. Esta podia facilmente ser uma queixa dos seus adversários ou dos seus marcadores directos, mas aqui é literal. Às 4h14 da madrugada de ontem, horas depois de ter ganho a Liga Europa, a segunda da sua carreira, o avançado do Atlético de Madrid escrevia no seu Twitter que a adrenalina não o deixava dormir. Pouco tempo depois, colocava uma fotografia sua na varanda do hotel com a legenda "Amanhecer em Bucareste, definitivamente não consegui dormir". É assim, eléctrico, dentro e fora do campo (ainda pediu desculpas por não ter podido responder a todos os fãs), por isso lhe deram a alcunha do "Tigre" quando estava nas camadas jovens do Lanceros, clube menor da Colômbia. Passaram dez anos e El Tigre continua felino, que o diga Amorebieta, central do Athletic Bilbau encarregue de o marcar na final de anteontem.

Radamel Falcao García (Falcao é uma homenagem do pai ao médio brasileiro dos anos 80) está nas bocas do mundo, depois dos dois golos na vitória por 3-0 sobre os bascos. O Athletic, para sua grande desgraça, enfrentou-se com Falcao, mais do que com o Atlético. Ele é o grande dominador desta competição, tomou-a como se fosse sua. Já tinha o título e era o melhor marcador com 18 golos (17 na Liga Europa e um no play-off) na época passada, ao serviço do FC Porto. Agora, novo título e outra vez máximo goleador (12 golos) com o Atlético.

Recordes e mais recordes. Falcao é o segundo jogador a vencer a Taça UEFA em dois anos consecutivos com equipas diferentes, depois de Luigi Sartor (1998 e 1999), e é o quinto a marcar em duas finais seguidas, atrás de Santillana, Valdano, Zamorano e Kanouté.

O colombiano é uma máquina de golos: os 35 nesta época em todas as competições tornam-no a melhor contratação deste século em Espanha. Ele que chegou este Verão, custou 40 milhões de euros aos colchoneros e converteu-se na contratação mais cara do clube. Pinto da Costa foi duro com a sua saída e disse não perceber por que trocava o FC Porto por uma "equipa que não ganha nada". "Disse-lhe que ia dar um passo atrás na carreira. Optou pelo dinheiro em detrimento do sucesso desportivo", disse o presidente portista na altura da saída do avançado.

Ficar ou sair de Madrid?

Falcao mostrou a Pinto da Costa que estava errado. Repetiu o sucesso no FC Porto, quase a papel químico. Tinha tudo para falhar, até porque estava à sombra de Aguero e Forlán, dois monstros goleadores e campeões da Liga Europa pelo Atlético de Madrid dois anos antes. Mas o colombiano superou-os. E foi mais longe, ultrapassou não só o uruguaio e o argentino, como estendeu o seu reino: desde o ano 2000, nunca ninguém marcou tanto como ele numa época de estreia em Espanha. Nem Cristiano Ronaldo, nem Ibrahimovic, nem Forlán, nem Villa. Os seus 35 golos são um novo máximo.

Só Ronaldo e Ruud Van Nistelrooy foram capazes de se aproximar, terminando as suas campanhas com 33 golos, ambas ao serviço do Real Madrid - o português em 2009-10 e o holandês em 2006-07.

Na Europa, fez história. Falcao marcou 30 golos em duas épocas seguidas (18+12), nunca ninguém o havia conseguido. É o terceiro jogador que marca mais de 10 golos em duas temporadas europeias diferentes, depois de Jupp Heynckes e Leo Messi - este ano, marcou a todos (todos) os adversários do Atlético na Liga Europa. Outro feito inédito na prova. Para o provar, se dúvidas houvesse, em apenas duas participações, Falcao é o terceiro máximo goleador de toda a história da competição, igualando Muller (29 golos), atrás de Henrik Larsson (40) e Huntelaar (30).

A parte mais difícil para os adeptos do Atlético é a incógnita à volta do futuro de Radamel Falcao. Ainda na zona mista do estádio da final, em Bucareste, o assunto foi abordado. O colombiano desviou-se do tema sempre que pôde, mas enviou um recado enigmático. Tudo depende se os colchoneros conseguirão o quarto lugar na Liga espanhola e acedem à Liga dos Campeões do próximo ano. Fundamental para as finanças do emblema de Madrid, mas também indispensável se os colchoneros querem segurar o avançado.


- in "público"

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