Falcao: No topo do Mundo

Falcao não conseguiria ler tudo o que se escreveu ontem sobre ele por esse mundo fora nem que ficasse as 24 horas fechado em casa. E ele não ficou. Ao início da tarde, já depois de ter atendido as chamadas que o ligaram em directo a rádios colombianas e argentinas, que queriam fazer um rescaldo das emoções, El Tigre aproveitou para passear. Com a cara estampada em tudo o que era jornal, Falcao circulou pelo Porto com a tranquilidade possível, interrompido aqui e ali por adeptos que o reconheceram facilmente, mesmo sem o 9 estampado nas costas.

Na zona da Foz, por onde andou, El Tigre - ou o "canibal de área", como lhe chamou o jornal "As", de Espanha - não conseguiu resistir a um barco que avistou no cais. Azul, pois claro. E não é tudo: o barco, "Xavier" de nome, tinha também um dragão pintado. Assim, umas horas depois de afundar o Submarino Amarelo com quatro dos cinco golos marcados pelo FC Porto, Falcao pediu para comandar o Xavier uns minutos, os suficientes para garantir uma foto que ainda hesitava em partilhar com os adeptos. Via Twitter, evidentemente. Aliás, numa prova instantânea de sucesso, El Tigre verificou com agrado que o número de seguidores subiu ontem em flecha: cerca de seis mil juntaram-se à lista de amigos virtuais, que está quase nos 50 mil.

Juntando o vício do Twitter, as chamadas particulares, as de jornalistas sul-americanos que o queriam entrevistar e as inúmeras mensagens de felicitações que foi recebendo, e às quais tratou de responder, só podia dar nisto: faltou-lhe a bateria. No Pavilhão Multiusos de Matosinhos, onde apareceu sem aviso prévio para ver a estreia da mulher de James Rodríguez pela equipa júnior de voleibol do Leixões, Falcao foi tão rápido como o costume a procurar na área a tomada de electricidade para recarregar o telemóvel. Entre um set e outro do jogo de voleibol, e sempre com a mulher, Lorelei, por perto, Falcao foi satisfazendo mais uns quantos pedidos de autógrafos. E foi também pedindo desculpa por não poder abrir excepções para a comunicação social portuguesa. Em jeito informal, a O JOGO, lá confessou ser "mais fácil marcar golos de cabeça do que jogar voleibol", ele que parece ter molas nos pés sempre que salta. Escolher um golo da véspera não lhe era fácil: "Gosto de todos." A custo, lá admitiu que os que marcara de cabeça tinham sido os mais bonitos.

A Imprensa mundial ficou rendida. "É um Tigre com fome, voraz, que persegue sempre a mesma presa: o golo", dizia o "Olé". "Este Tigre devora tudo", acrescentava o "L'Équipe". Em Espanha, quase todos os jornais escreveram que Falcao afundara o Submarino Amarelo. Na Colômbia, reforçou o estatuto de herói nacional. "É por isto que o querem Real Madrid, Inter, Juventus, Roma, Chelsea, Tottenham e Arsenal", escrevia o "El Mundo". Lista longa. Assim como a lista de adjectivos que El Tigre terá tempo para digerir. Ontem foi dia de descanso. Excepto no Twitter. Abençoada ficha que lhe carregou o telemóvel...


- in "o jogo"

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